terça-feira, 30 de novembro de 2010

Inveja?

  
          Li em algum lugar que podem dizer o que quiserem o mal do século é a solidão, eis que não que eu me sinta sozinha, gosto de tudo do meu jeito, da preguicinha que dá de vez em quando, das coisas nos mesmos lugares, do barulho do silêncio...
     Hoje briguei com o silêncio, me recusei a ouví-lo, recusei até a solidão...
     Andei... preciso andar mais, maltratei as horas, o tempo, o dia e até a chuva, Depois agradeci pelo simples fato de estar viva.
          Invejei quem segue um caminho certo, quem tem rotina, quem toma café lendo jornal, quem fuma no meio do expediente só pelo prazer momentâneo, quem vai e volta prá casa sabendo o que vai fazer...invejei a mulher que quer engravidar porque ama criança e tive um sentimento tão grande de afeto por isso tudo, de saudade... de novo? Mas eu não estava falando de inveja?
     Acho eu que inveja é diferente, em momento nenhum desejei ter o que o outro tem ou que o outro é, apenas admirei e senti uma enorme vontade de um dia passar por isso e ter esses sentimentos tão nobres, inveja tem mais a ver com coisa ruim, com destruição, eu não. Eu quero construção, preenchimento. É diferente.
     E assim volto prá casa... pro silêncio... esse que tem me contado tantas coisas ultimamente e revelado um eu que eu não conhecia e aí me enterto por horas a fio, a ouvir o que ele me ensina...
     Por favor solidão... esqueça de mim. Pelo menos por ora.

 Dri, que até hoje não entende o porquê do sentimento de inveja.



"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer."


Clarice Lispector

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